Pesquisadores norte-americanos estão testando a possibilidade; indústria está sempre em busca de materiais mais sustentáveis
Aparentemente estamos vivendo a era da inovação. Depois de tantas criações maravilhosas que vieram para facilitar nossas vidas, estamos focados em melhorar essas invenções para que elas possam otimizar ainda mais nossa rotina impactando o menos possÃvel o meio ambiente. E a indústria dos pneus parece seguir essa tendência. São inúmeros os componentes utilizados para a fabricação de pneus segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneus (ANIP). Borracha sintética ou borracha natural, a depender do uso que o produto terá; negro de fumo ou carbono amorfo, um derivado do petróleo responsável por conferir resistência à abrasão e por deixar o pneu na cor preta; enxofre, que é um elemento vulcanizante; lonas emborrachadas complementando sua estrutura; entre tantas outras matérias-primas. O processo de fabricação dos pneus é extremamente complexo, visto que esse é um item responsável pela segurança de veÃculos diversos. Para isso, há um rÃgido controle de qualidade e a inovação está sempre presente como forma de ampliar o desempenho e tornar o produto sempre mais seguro. Porém, além desse foco no uso, muitas fabricantes estão em busca de novas matérias-primas capazes de tornar os pneus cada dia mais sustentáveis. A Pirelli, por exemplo, foi pioneira em substituir, na composição dos pneus, o negro de fumo pela sÃlica extraÃda das cinzas da queima da casca de arroz. Ao aderir a esse processo que envolve uma fonte renovável de matéria-prima, as fabricantes reduzem a geração de CO² e ainda por cima utilizam um resÃduo que iria parar nos aterros sanitários. Enquanto isso, a Goodyear investiu em testes para passar a utilizar óleo de soja no lugar do óleo vegetal para fabricar seus pneus. O objetivo era reduzir o uso de derivados de petróleo e, ao mesmo tempo, aumentar o desempenho dos produtos. O projeto foi um sucesso e ganhou, inclusive, premiação internacional de responsabilidade ambiental. Podemos perceber que não há limites para a inovação quando vemos notÃcias de que, no futuro, os pneus poderão ser feitos de cascas de tomate e de ovos. Pesquisadores da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, estão utilizando a tecnologia para solucionar três desafios: aumentar a sustentabilidade dos produtos à base de borracha, reduzir a dependência norte-americana do petróleo estrangeiro, e diminuir a quantidade de resÃduos que vão parar nos aterros sanitários. Assim, descobriram que é possÃvel transformar cascas de ovo e de tomate em outro bom substituto para o negro de fumo. Segundo compartilhado pela universidade, cerca de 30% de um pneu de automóvel são feitos de negro de fumo. Considerando que a população dos EUA consome cerca de 100 bilhões de ovos e aproximadamente 13 bilhões de toneladas de tomates ao ano, utilizar os resÃduos desses alimentos surgiu como uma boa possibilidade. Para isso, foi preciso muita pesquisa que levou à compreensão de que a casca do ovo tem microestruturas porosas que fornecem uma área de superfÃcie maior para contato com a borracha e as de tomate, por outro lado, são extremamente estáveis mesmo em altas temperaturas, o que permite a utilização para criar materiais com bom desempenho. Qual seria a diferença? Como o negro de fumo é o grande responsável por deixar o pneu preto, quando substituÃdo por casca de ovo e de tomate, essa tonalidade tende a mudar, passando para um tom marrom avermelhado. Desempenho continua excelente, bem como a segurança do produto. É satisfatório notar que há, em todo mundo, pesquisadores e especialistas batalhando para que as atividades humanas tragam a cada dia menos prejuÃzo ao meio ambiente.